Agricultura no ABC

Em 2021 o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA – https://www.ifad.org/es/informe-desarrollo-rural ), organismo especializado ligado as Nações Unidas, lançou seu relatório sobre o desenvolvimento rural a nível global, o documento aponta uma série de indicadores importantes para que as instituições, organizações e tomadores de decisão possam entender as providencias que precisam ser tomados para inverter o cenário de mudanças climáticas e garantir a segurança alimentar dos povos.

Segundo o relatório, a oferta de alimentos saudáveis vem diminuindo devido ao empobrecimento exponencial dos trabalhadores rurais e o aumento das áreas de cultivo em monocultura. O aumento da disponibilidade de alimentos irá depender ainda de mecanismos de mercado, então para que os alimentos continuem chegando à mesa das pessoas será necessário distribuir renda para assegurar que os alimentos possam ser comprados. Mesmo a população rural ser mais pobre que a da cidade é o campo que abastece a cidade ainda.

A agricultura urbana e rural familiar necessita aumentar a rentabilidade com o aumento de técnicas intensivas, circulares e sustentáveis resistentes a mudanças climáticas. Precisa de sistemas de serviços agrícolas, logística e comercialização. Precisa de inclusão dos jovens e mulheres, de sistemas de monetização por serviços ambientais, como conservação de nascentes e áreas de mata ciliar, financiamento e acesso a novas tecnologias.

A adoção de sistemas circulares aumentam os rendimentos e agregam valor, trabalham para gerar maior eficiência nas cadeias agroalimentares através da geração de energia limpa como eólica, solar e através de sistemas de saneamento básico que adubam o solo e geram energia.

A troca da alimentação saudável por alimentação ultraprocessada gerou uma elevação exponencial de desperdício de alimentos em todos os continentes com números expressivos nos países desenvolvidos e as perdas podem ser contidas através de métodos de conservação, sendo que os restos domésticos e excrementos humanos podem ser importantes fontes de nutrientes e energia. A comunidade deve se unir para organizar a reciclagem de seus resíduos pois esses podem ser rentabilizados na cadeia produtiva.

Segundo o relatório de 2000 a 2019 os países menos desenvolvidos vêm aumentando consideravelmente as importações agrícolas, muito mais que as exportações, um indicador de que há déficit de produção, muito pela falta de incentivos, assim programas de certificação podem contribuir para a proteção social e ambiental, recompensando boas práticas e garantindo o mercado interno aquecido.

Para garantir que a produção agrícola permaneça diversa e acessível a população como um todo é muito importante o desenvolvimento de pequenas e médias empresas em regime de autogestão e seguindo princípios econômicos solidários, empreendimentos que possam fornecer serviços e insumos a agricultores de forma subsidiada a princípio. Empreendimentos que possam comprar produtos da agricultura urbana e rural para manufaturar seus alimentos e criar trabalho e prosperidade. Um estudo feito em 13 países entre Ásia, África e América Latina mostra que pequenos empreendimentos representam 25% dos empregos rurais e 21% de empregos na cidade, significa ¼ entre todos os setores.

Por isso é muito importante que as organizações que trabalham no desenvolvimento da agricultura se encontrem para trocar experiências e fazer comércio, o fomento da agricultura e os negócios dessas trocas combate as mudanças climáticas que é o  principal problema que a humanidade enfrentará nos próximos anos.

 
As feiras são locais que permitem a aproximação, favorecendo a troca de conhecimentos, resgate de valores, inclusão e integração social. As feiras agroecológicas favorecem a independência dos (as) pequenos (as) agricultores (as) na comercialização de seus produtos sem a presença de intermediários (as). Além disso, facilitam o acesso da população a alimentos de menor custo e mais saudáveis, visto que são produzidos sem agrotóxicos e outros produtos químicos. As feiras livres, feiras orgânicas e também as agroecológicas possuem um grande impacto sociocultural, pois além de serem locais onde ocorrem as transações comerciais dos (as) produtores (as), são locais de manutenção da diversidade. Assim, a feira é muito mais que um local cheio de bancas e comercialização de diferentes produtos in natura, é também, sinônimo de Festa Popular, local de encontro e de troca de saberes que destaca costumes e a cultura popular pela reafirmação da identidade do povo.